sexta-feira, 1 de abril de 2011

Até a Debora Secco pode parecer uma mulher comum

 
 
Confesso que não resisti e assisti Bruna Surfistinha. Ok ok ok clichê, comercial, previsível, mas meu objetivo era me empolgar para voltar à academia depois de um mês, pois esperava uma Débora Secco meio deusa. Acabei focando em outros aspectos (mas voltei à academia). Bom, primeiro o óbvio, até a Débora Secco pode ser comunzinha de leg, moleton e camiseta. Cruzes foi fim de carreira aquele figurino nas primeiras partes do filme. Fiquei pensando nos inúmeros dias que acordo sem "saco" nenhum pra me arrumar. Agora que comprei o tradicional agasalho adidas, preto, com três listras, que combina com tudo, mas só fica digno na  Madonna e veja lá; coloco ele, uma baby-look politicamente correta e deu.


Claro, fico o cão chupando manga pelo avesso, é a minha bandeira de "me erra", auto-sabotagem pura. Nenhum rimelzinho sou capaz de colocar. Vai se sentir bonita como? Passar uma impressão legal para os outros seres viventes? No way. Aí é um ciclo: já mato ginástica, como só o que me dá "prazer oral" imediato (tipo tô lixo mesmo, um ninho de leite condensado não vai fazer diferença no quadro), durmo tudo que dá e na hora sagrada do happy-hour (amo) dá um preguição de me arrumar, mato inglês (cereja do bolo) e vou pra casa direto, me sentindo um fracasso, com grandes chances do ciclo se repetir no outro dia, ou nos próximos. Até assistir a próxima "Bruna Surfistinha" ou ter um surto de mulher madura; o que vier antes. Não sei porque faço isso. Adoro uma roupa legal, make-up, me perfumar, me sentir admirada seja lá por quem for, sair , fazer ginástica (jjuurroo), ficar horas no mercado comprando coisas saudáveis (ou nem tanto).

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Depois de um mês atribulado resolvi dar um basta ao meu desleixo, assim, do nada, sem ao menos um bofinho a vista (confesso que isso quase sempre é o empurrãozinho que falta. Serei a única?).
Tinha decidido esperar emagrecer para entrar nas minhas roupas (estou uns 10 quilos acima do meu peso por motivos alheios à minha vontade) por pura falta de motivação em investir num guarda-roupa maior pois sei que, passada a tempestade, meu corpinho se ajeita (dependendo de mim,óbvio). Mas aí, de repente, me dou conta que se continuar de abrigão, a coisa vai ficar cada vez mais complicada. Uma coisa puxa a outra.
Dando continuidade ao raciocínio, dou conta que com a idade meu metabolismo mudou, minhas formas são outras e se eu não me puxar para me adequar a esta realidade vou ser logo uma "jovem senhora" clássica, no meu vocabulário as mulheres que parecem que desistiram de ser atraente; o que, tenho a dizer, acontece bem precocemente no nosso município, espécie de fenômeno local.

Observo acontecer diariamente na loja; mulheres interessantes, cultas, bem sucedidas, "escondidas" embaixo de roupas que não favorecem nada ou porque se auto definem como velhas, ou porque desistiram de procurar o príncipe (a clássica história de que não tem homem em Santa Maria, mas pelo que ouço em rodinhas específicas, em lugar nenhum do mundo tem um l'homme como idealizam), ou por que recém teve bebê, ou por ter um monte de bebês, ou por ser solteira, ou por ser casada, ou separada (estado cívil, pasmem, não interfere), os motivos são intermináveis; o fato é que, feliz ou infelizmente, uma puxadinha na produção faz uma diferença abismal para o amor próprio e imediatamente na forma com que as pessoas te vêem e as vezes até te tratam. Postura de "pobre coitada" não é uma boa idéia. Como dizia sabiamente a avó chiquérrima de uma amiga: "se não é aparenta"!


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A gente se cuidando dá vontade de cuidar do mundo! Dos amigos, da casa, das plantas, dos filhos, dos bichinhos, do ser eleito (um abençoado, of course). Ficar atirada de pijamão ou na rua de abrigão é bandeira de que tudo tá feio, sem ternura pelo que e/ou quem nos cerca pois nem carinho pela gente conseguimos ter nestas fases de "low self esteem". Resumindo: apesar da chuva, reagi. Acordei muiittoo mais cedo que nos últimos dias, lavei o cabelo (adoro um "coquinho" que me deixa mil anos mais velha, mas morro de preguiça de lavar cabelo de manhã cedo, aliás morro de preguiça de viver de manhã cedo), me pintei, catei um shorts legal que ainda me serve com alguma dignidade (foi como catar agulha em palheiro; o Ó), me apossei de um trench-coat bárbaro da loja, me enchi de pinduricalhos (sou meio over e "less is more" pra mim é coisa de novaiorquina), coloquei um salto dez e fui a luta! No mais perfeito look dona de loja, uma Barbie crespa (existe ou será que todas fazem chapinha?), recém saída da caixa, nem lembrei que tava chovendo e lasquei o meu óculos escuros, só não me senti estranha no temporal por achar o hábito da Constanza Pascolato de não abandonar os óculos nnuunncaa um luxo, mas confesso que me manter em cima do salto, na Acampamento, sem guarda-chuva e com visibilidade nula, foi uma experiência interessante.



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Lá estava eu....retomando minha rotininha: vitrine nova na loja, modelitos cool ("comprei" mais um shorts, dois lenços absolutamente indispensáveis neste outono e um saião), marquei banho (neste caso,uma faxina) para Sir Pedro Henrique da Costa Beltrão (meu cachorro e fiel escudeiro,há mais de 9 anos), troquei a fitinha do Nosso Senhor do Bonfim (axé meu rei!) dos gatinhos, fui à "acadimia", comecei planejar o feriado da Páscoa...I'M BACK! De tarde já era tão "eu" de novo que saí para enfeitar minha casa (meu Camelot,meu mundo), abençoado cartão de crédito. Comprei flores, incensos, cheirinhos, lençóis novos e afins, lingeries novas (como mamãe diz: "é mais importante estar bonitinha por baixo da roupa. Vá que te atropelem!"). A-D-O-R-O!
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Não sei quanto a vocês, mas eu enjôo de "bodes" prolongados e depois que passam, além das inevitáveis sequelas (pele horrível, unhas sem fazer, cabelo um caos, casa de cabeça pra baixo, programas perdidos, ainda tem a sensação de perda total de tempo). "Afinal é melhor viver dez anos há mil do que mil anos há dez".Sábias palavras Lobão. 

MORAL DA HISTÓRIA: SE CUIDEM, SE AMEM, SE MIMEM, SE ENCHAM DE COISINHAS "INDISPENSÁVEIS" (TUDO DENTRO DO SEU LIMITE, PORQUE DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO É DEPRÊ TOTAL, MAS SE VOCÊ TEM, NADA QUE UM TERAPEUTA NÃO RESOLVA FACINHO), NÃO É PARA OS OUTROS NÃO, É PRA GENTE MESMO.

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Há tempo: muitas vezes estas pequenas atitudes são extremamente difíceis. Pelo menos no meu caso.
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Decadência mas sempre avec elegance.
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