quarta-feira, 27 de abril de 2011

Colocando em prática o desapego

Olho com ternura o top de crochet, com as cores da bandeira jamaicana, que comprei na primeira vez que fui à Bahia, ainda no século passado.

 O modelo é este mas colorido.Amo!
*
Por  trazer  boas  lembranças,  nunca consegui me desfazer dele. Festas, finais de tarde, viagens, pessoas, situações. Lugarzinho garantido na mochila. Agora, meio deformado,  roto,  pequeno, parece traição me separar dele.



Tal qual Hamlet, quando agarrava o crânio de seu pai e fazia perguntas como “ser ou não ser”;  segurava meu top e questionava: doar ou não doar?



Com a simpatia que tenho pelo budismo, consigo entender que a  vida é impermanente e que, por isso não vale a pena agarrar-se a objetos. Todo início de estação costumo fazer uma limpeza no meu armário e depois de ter dado sacoladas de coisas sempre acredito ter mantido apenas o necessário.

Todo guarda-roupa sonha ser assim

Juurraaaa!  Dar um novo destino às roupas antigas acaba envolvendo e mobilizando sentimentos e este é o grande problema.

Aquilo que você guarda e o que joga fora, assim como o que compra ou deixa de comprar, reflete como espelho o que você pensa e sente por dentro. Entender como um casaco consegue que eu o deseje tanto a ponto de pagar para levá-lo para casa é também entender algo sobre mim mesma. O que possuímos  serve para nos definir e para sinalizar aos outros quem somos.


Colocamos etiquetas emocionais no que nos pertence e estas nos impedem de ver a realidade como ela é, onde as coisas são apenas coisas.  Isto é, um vestido é apenas um vestido e não o “vestido que eu usava quando conheci o Zequinha”.




Ok,ok,ok. Já sou uma mulher adulta. Não preciso mais de objetos  para me definir, o que talvez acontecesse quando era mais jovem. Então, teoricamente,  posso me desfazer de qualquer coisa material.

Ledo engano.
.
Preciso ainda exercitar muito o desapego.

Mesmo com a  promessa de dar um destino a tudo que não fosse mais necessário, para que a energia possa circular e a vida ficar mais leve, ainda sinto dificuldade em me desapegar.

Complicado, né?

O top jamaicano vai continuar mais uma temporada no meu guarda-roupa.



E  salve a tribo de Jah!


3 comentários:

  1. Adorei a apologia ao desapego,realmente é uma luta nos desfazermos das coisas pois elas contam um pouco das nossas vidas,mas se faz necessário para abrirmos espaço para o novo!!!bjus comadre.

    ResponderExcluir
  2. adorei!!
    adorei!!
    adorei!!!!!!!!
    .............

    ResponderExcluir