domingo, 3 de abril de 2011

Liberdade e preconceito

Arte: Furawachi
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Lendo sobre povo cigano me deparei com uma frase que achei tudo:

“Quando negamos ou somos impedidos de vivenciar o que realmente somos, nos tornamos tão felizes quanto um talo de rabanete”.


Parei para refletir sobre estas pessoas o que me remeteu a vários conceitos:  adequação, exclusão, preconceito. Ao mesmo tempo  associei esta vida à liberdade, orgulho, fluidez, desapego, desprendimento. Um povo que não tem pátria e há milênios sofre discriminação, cercado de mistérios. Mortos aos milhares ao longo dos séculos, perseguidos na época do Terceiro Reich. Até hoje  vistos com desconfiança onde chegam e seguem pelo mundo afora sem destino certo.


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Os ciganos estão sempre com aquele sorriso estampado no rosto apesar do desconforto que causam em grande parte das pessoas. Provavelmente por isso não se esforcem tanto para seguir as regras ditadas. Comportam-se de forma exuberante. Coloridos, barulhentos, sempre em grupos. Orgulho de ser como são, a felicidade de quem só deve satisfação a si mesmo, que precisa seguir em frente e fazem disso uma espécie de arte. A arte de lidar com os paradoxos que a vida nos apresenta, pois afinal, quem de nós sabe de onde veio e para onde vai? E qual a real importância disso?

Vincent van Gogh - The Caravans - Gypsy camp near Arles
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Como neste trecho de uma canção da polonesa Papuska(Bronislawa Wajs):


“A água não olha pra trás. Foge, corre mais longe. Onde os olhos não verão, a água que vaga”.




 Ah, liberdade! Cantada e decantada liberdade! Talvez isto que incomode tanto os que não sentem segurança diante do que não entendem. Clarice Lispector disse em um poema:

 “Ela é tão livre que um dia será presa / Presa por quê? / Por excesso de liberdade / Mas essa liberdade é inocente? / É, até mesmo ingênua / Então por que a prisão? / Porque a liberdade ofende."


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